sábado, 5 de dezembro de 2015

Microcefalia segundo o espiritismo (parte 3 - mensagem de consolo)



“O que dizer para uma mãe que descobre que seu filho tem microcefalia e se pergunta o porquê de tudo isso?”


Antes de tudo, importa esclarecer para qual mãe eu diria o que diria. Uma mãe que se pergunta pode procurar as respostas em muitos lugares... Então, de princípio, eu jamais me dirigiria a uma ou várias mães para falar do Espiritismo a menos que elas se mostrassem dispostas a tal; seria uma ofensa, num momento de fragilidade, despejar crenças estranhas a elas. Portanto, apenas diria qualquer coisa diretamente ligada ao Espiritismo caso fosse uma vontade da mãe conhecer mais sobre o assunto, por respeito a ela e sua dor. Com um último adendo: incluo o pai também. Resquícios infelizes ainda nos prendem a uma responsabilidade diminuída do sexo masculino, a qual acho importante refutar e recolocar. O pai responsável ama e sofre como a mãe; junto com ela.

Nesse caso, antes de tudo eu lembraria Deus. Traço comum das religiões, a simples lembrança que temos um Pai amoroso que nunca se descuida de nós tem potencial altamente consolador. A certeza de que alguém olha por nós, velando por todos os nossos passos e cuidando de nossas dores mais ocultas oferece a promessa de uma tranquilidade segura. Não esquecer nem se distanciar de Deus é o primeiro passo.

Contudo, alguém que procura o Espiritismo sabe que isso não basta... Sua alma anseia por mais. Por uma fé com embasamento. Por que eu? Por que meu filho? A Justiça Divina, para ser efetiva, precisa abarcar mais que essa vida. Logo, recorremos a reencarnação. A ciência de que vivemos inúmeras vezes, colhendo e plantando, sucessivamente, abre caminho para novas reflexões. Não sabemos exatamente a razão, mas entendemos os mecanismos.

Mas ainda não é o suficiente saber da sucessão das vidas. Milênios da Lei de Talião impregnados em nossas sociedades dirigem imediatamente o pensamento à culpa do erro castigado. Sinônimo de punição? Não. Não é o que consolará uma mãe, um pai. Será necessário participa-los da grandeza Divina. Deus não é mero punidor, que nos faz “pagar” os erros em moeda de sofrimento. Reencarnação, provas e expiações são apenas os meios de um fim: o aprendizado, o alcance da perfeição, o conhecimento de si mesmo e a ação regida pelas Leis Naturais. Sob esse novo panorama, não sabemos se punição, se consequência, se missão; sabemos apenas que, seja o que tenha sido, o véu nos foi estendido para que nos concentremos no que há a fazer, em vez de estarmos atados improdutivamente ao que foi. É a melhor oportunidade que nos cabe, oferecida segundo a misericórdia do Pai. Novo recomeço. Chance renovada de se fazer melhor que o ontem. Redenção pelo amor. Eis a tarefa.

E... o que fazer, de fato, de posse desse novo olhar? Amar. As dificuldades que se apresentarem, que oferecerem resistência à ideia do amor são exatamente o que deve ser combatido em nós mesmos. Como todo véu, sob a luz adequada é possível ver vultos por trás do ocultamento; cada mancha que se revele contra a luz é sinal de luta passada ainda por vencer. Orgulho, vergonha da sociedade, medo de falhar, dificuldades materiais... Tudo aponta para o que já fomos e o que precisamos vir a ser.

Conscientes da verdade de que o Senhor da Vida olha por nós, que não nos desampara, que oferece a redenção pela justiça através das melhores oportunidades, segundo a nossa semeadura, o caminho está traçado. Não poupará levianamente das dores nem das lutas. Mas provará, diariamente, que o alcance da felicidade só depende de nós. Na perseverança por agir no bem e na sabedoria do olhar consciente que lançamos à nossa própria condição. Munidos da fé raciocinada, da esperança no futuro e tendo a caridade como força motriz, inevitavelmente venceremos, em paz.

Por Erick Machado

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